quinta-feira, 2 de maio de 2019

2 de Maio - Madrid E sua Prova de Nacionalidade







O dia 2 de Maio de 1808 em Madrid representou um marco da Guerra da Independência Espanhola, dentro das Guerras Napoleônicas.



            Pintura de Francisco de Goya 


O Levantamento de 2 de maio, ocorrido em 1808, é o nome pelo qual se conhecem os fatos violentíssimos acontecidos em Madrid  naquele dia, surgidos pelo protesto popular frente à uma situação de incerteza política gerada após o Motim de Aranjuez. Com o protesto reprimido,  contra as forças napoleônicas presentes na cidade, estendeu-se por toda a Espanha uma onda de indignação e apelos públicos à insurreição armada que terminariam na Guerra de Independência Espanhola.


Após a assinatura do Tratado de Fontainebleau em  27 de outubro de 1807 e a consequente entrada na Espanha das tropas aliadas francesas a caminho de Portugal, e os acontecimentos do Motim de Aranjuez a 17 de março de 1808, Madrid foi ocupada pelas tropas do general Murat a 23 de março. No dia seguinte, ocorrendo a entrada triunfal na cidade de Fernando VII e de seu pai, Carlos IV, que acabava de ser forçado a abdicar a favor do filho. Ambos foram obrigados a deslocar-se, para se reunir com Napoleão, para Bayonne (sudoeste de França), onde aconteceria o fato histórico conhecido como as Abdicações de Bayonne, que deixaram o trono da Espanha nas mãos do irmão do imperador, José Bonaparte.

Enquanto isso, em Madrid foi constituída uma Junta de Governo como representação do rei Fernando VII. No entanto, o poder efetivo ficou nas mãos de Murat, o qual reduziu a Junta a um mero fantoche, como simples e mero espectadores dos acontecimentos. Em meio a tudo isso acontecendo, a população madrileña começou a se mobilizar frente aos acontecimentos. E em 2 de maio de 1808, no início da manhã, a multidão começou a concentrar-se na  frente ao Palácio Real. A multidão viu como os soldados franceses tiravam do palácio o infante Francisco de Paula, pelo qual, ao grito de José Blas de Molina dizia:  "Vão levá-lo!" Este tumulto foi aproveitado por Murat, que rapidamente mandou Guardas Imperiais ao palácio, acompanhados por artilharia, que disparando contra a  multidão.  O desejo do povo de impedir a saída do infante, uniu-se o de vingar os mortos e o de se desfazer dos franceses em seu território. Com todos estes sentimentos, a luta estendeu-se por Madrid.


Os madrilenhos começaram assim um levantamento popular espontâneo,  desde a entrada no país das tropas francesas, improvisando soluções para as necessidades da luta nas ruas. Constituíram-se assim partidas de bairro comandadas por líderes espontâneos; procurando guardar armas, o que a princípio as únicas de que tiveram acesso, foram navalhas; com  a necessidade de impedir a entrada na cidade de novas 
tropas francesas.

Tudo isto não foi suficiente. Quando os madrilenhos quiseram tomar as portas da entrada da cidade para impedir a chegada das forças francesas  nas suas cercanias, o homens  das tropas de Murat (cerca de 30 000 homens) já penetrara, fazendo um movimento  para se dirigir para o centro. Porém, as pessoas continuaram lutando durante toda a jornada utilizando qualquer objeto susceptível de ser utilizado como arma...
Assim, os esfaqueamentos, degolações e detenções sucederam-se numa jornada sangrenta em Madri. 
Os napoleónicos extremaram a sua crueldade contra a população e vários centos de madrilenhos, homens e mulheres, bem como soldados franceses, morreram no embate. Francisco de Goya refletiria anos depois estas lutas, na sua famosa pintura A Carga dos Mamelucos.

Embora a resistência ao avanço francês fosse muito mais eficaz do que Murat tinha previsto, especialmente na Puerta de Toledo, na Puerta del Sol e no Parque de Artilharia de Monteleón, a sua operação de cerco permitiu submeter Madrid a jurisdição militar e pôr sob as suas ordens a Junta de Governo. Pouco a pouco, os focos de resistência popular foram caindo. 

Enquanto se desenvolvia a luta, os militares espanhóis permaneceram, seguindo as ordens do capitão-general Francisco Javier Negrete, aquartelados e passivos. Somente os artilheiros do parque de Artilharia situado no Palácio de Monteleón desobedeceram ás ordens e uniram-se à insurreição. Os heróis de maior graduação foram os capitães Luis Daoíz, que assumiu o comando por ser o mais veterano, e Pedro Velarde. Que com os seus homens encerraram sua luta no Parque de Artilharia de Monteleón e, após repelirem uma primeira ofensiva francesa comandada pelo general Lefranc, morreram lutando heroicamente perante os reforços enviados por Murat.


Dois de maio daquele ano não foi a rebelião do Estado espanhol contra os franceses, mas sim das classes populares de Madrid contra o ocupante tolerado (por indiferença, medo ou interesse) por grande quantidade de membros da Administração. De fato, a entrada das tropas francesas fora legal, ao abrigo do Tratado de Fontainebleau, cujos limites rapidamente ultrapassaram, excedendo o permitido e ocupando praças que não estavam no caminho para Portugal, o seu suposto objetivo. A Carga dos Mamelucos supracitada, apresenta as principais características da luta: profissionais perfeitamente equipados frente a uma multidão praticamente desarmada; presença ativa no combate de mulheres, muitas das quais perderam a vida (Manuela Malasaña ou Clara del Rey).


A repressão foi cruel. Murat, concebeu três objetivos: controlar a administração e o exército espanhol, aplicar um rigoroso castigo aos rebeldes para exemplo de todos os espanhóis e afirmar que era ele quem governava a Espanha. Na tarde de 2 de maio assinou um decreto que criou uma comissão militar, presidida pelo general Grouchy, para sentenciar à morte todos quantos fossem colhidos com armas na mão ("Serão arcabuzeados (fusilados) todos quantos durante a rebelião forem presos com armas").

O Conselho de Castela publicou uma proclamação que declarou ilícita qualquer reunião em sítios públicos e foi ordenada a entrega de todas as armas, brancas ou de fogo. Militares espanhóis colaboraram com Grouchy na comissão militar. Nestes primeiros momentos, as classes ricas pareceram preferir o triunfo das armas de Murat ao dos patriotas, compostos unicamente pelas classes populares.

No salão do Prado e nos campos de La Moncloa centenas de espanhóis foram fuzilados. Cerca de mil espanhóis perderam a vida no levantamento e nos fuzilamentos subsequentes. 
O sangue derramado inflamou os ânimos e deu o sinal de começo da luta em toda a Espanha contra as tropas invasoras. Em 2 de maio à tarde, na vila de Móstoles, perante as notícias trazidas pelos fugitivos da repressão na capital, um político, Juan Pérez Villamil, Secretário do Almirantado e Fiscal do Supremo Conselho da Guerra, mandou aos prefeitos da povoação (Andrés Torrejón e Simón Hernández) firmar um bando no qual todos os espanhóis eram chamados a empunharem as armas contra o invasor, começando por acudir ao socorro da capital. Esta ordem faria, indiretamente, começar o levantamento geral, cujos primeiros movimentos, embora posteriormente suspensos, foram os que promoveram o corregedor de Talavera de la Reina, Pedro Pérez de la Mula, e o prefeito Maior de Trujillo, Antonio Martín Rivas. Ambas as autoridades alistaram voluntários, com víveres e armas, e a mobilização de tropas, para auxiliar a capital da Espanha.


Os acontecimentos de Dois de maio costumam receber homenagens em todos os aniversários. E celebra-se ainda, o Dia da Comunidade de Madrid. Entre as homenagens cabe destacar-se as celebradas no Primeiro Centenário em 1908, com a inauguração do conjunto escultórico de bronze Heróis de Dois de Maio, do escultor Aniceto Marinas, por parte do rei Afonso XIII; e as celebrações do Segundo Centenário em 2008. Estas últimas estiveram protagonizadas por um espetáculo na Praça de Cibeles do grupo teatral La Fura dels Baus, no qual narravam os antecedentes históricos do Levantamento e os fuzilamentos de 3 de maio. Também se efetuam outras atividades culturais, tanto na capital quanto em Móstoles, como a colocação de uma oferenda floral aos heróis de 2 de maio no Cemitério da Florida, um desfile na Puerta del Sol com a colocação de uma coroa de flores às placas de agradecimento aos que lutaram a 2 de maio de 1808, bem como aos cidadãos que ajudaram as vítimas do atentado de 11 de março de 2004, e uma cerimônia de entrega de prémios na Sede da Presidência da Comunidade de Madrid.

Uma emotiva celebração é realizada na própria casa de Pedro Velarde, em Muriedas (Cantábria), na qual todos os vizinhos, com as autoridades do município e do governo regional de Cantábria, reunem-se no seu jardim: uma missa é celebrada em sua memória, recorda-se o herói e faz-se uma oferenda floral. Do mesmo modo em Sevilha, berço de Daoíz, um destacamento de artilharia rende honras frente à sua estátua, que preside a central Praça de Dois de Maio.

A então Guerra Peninsular (1807–1814) foi um conflito militar entre o Primeiro Império Francês e a aliança do Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda, do Império Espanhol e do Reino de Portugal e Algarves pelo domínio da Península Ibérica durante as Guerras Napoleônicas. O conflito teve início quando os exércitos franceses e espanhóis invadiram e ocuparam Portugal em 1807, tendo voltado em 1808 após a França se ter voltado contra a Espanha, sua aliada até então. A guerra prolongou-se até à derrota de Napoleão pela Sexta Coligação em 1814, sendo vista como uma das primeiras guerras de libertação nacional .

A guerra peninsular coincide com o que os historiadores espanhóis denominam da "Guerra de Independência Espanhola", que teve início com o levantamento de dois de maio de 1808 em Madri  e terminou em 17 de abril de 1814. A ocupação francesa destruiu o governo da Espanha, que se fragmentou em diversas juntas provinciais que se disputavam entre si. Em 1810, o reconstruído governo  nacional, as Cortes de Cádis, fortificou-se em Cádis, embora não tenha conseguido reorganizar o exército devido ao cerco de mais de 70 000 soldados franceses. Por fim, as forças britânicas e portuguesas asseguraram o controle de Portugal, usando o país como ponto de partida de campanhas contra o exército francês e para o abastecimento das tropas espanholas. Ao mesmo tempo, o exército e as guerrilhas espanholas empatavam um número considerável de tropas napoleônicas. As forças aliadas, tanto regulares como irregulares, impediram os marechais franceses de subjugar as províncias espanholas rebeldes ao restringir o domíno territorial francês, fazendo com que a guerra se prolongasse por vários anos de empate. 


A guerra e a revolução contra a ocupação napoleônica (França) levaram à redação da Constituição espanhola de 1812, que foi um marco do liberalismo europeu. No entanto, todo o esforço de guerra destruiu o tecido social e econômico de Portugal e Espanha e provocou um período de instabilidade social e política e de estagnação econômica. Neste período, desencadearam-se na Península diversas e devastadoras guerras civis entre facções liberais e absolutistas, lideradas por oficiais treinados da guerra peninsular, e que se prolongaram até à década de 1850. As sucessivas crises provocadas pela invasão, revolução e restauração precipitaram a independência de grande parte das colônias espanholas e também  a independência do Brasil de Portugal.

Esta data é muito importante para Madri e para história da Espanha. Muitas pessoas perderam suas vidas para lutar por seu país e proteger  sua capital. Foi sem dúvida, um marco essencial . E hoje em Madri é feriado ou seja, um festivo, de grande representatividade para os Madrilhenhos, a Capital e a Espanha. Felicidades, Madri. 
Amo esta cidade. Desde o primeiro momento que aqui cheguei. E amo mais ainda, o seu exemplo de força e coragem de ser quem eres. Como capital deste país. Deixo aqui minha homenagem. A esta linda e acolhedora cidade. 
Madri, Madri, Madri, sua linda!!!
Amo ver-te assim, como és. E em paz.❤🇪🇸


                   
Aulinha de História pra vocês e pra mim também. Amo conhecer a história de cada lugar. E de Madri, e da Espanha então... Dica para a prova de Nacionalidade, heim?! Hoje o tema é esta data celebrada em Madri. E parte de sua história em um dia 02 de maio.

Bibliografia :
El 19 de Marzo y el 2 de Mayo, de Benito Pérez Galdós
Un día de cólera, de Arturo Pérez-Reverte. ISBN 978-84-204-7280-5
La Guerra de la Independencia, de Gérard Dufour. ISBN 84-7679-144-5
Este artigo foi inicialmente traduzido do artigo da Wikipédia em castelhano, cujo título é «Levantamiento del dos de mayo».



Este artigo incorpora texto (em inglês) da Encyclopædia Britannica (11.ª edição), publicação em domínio público.
Wikipedia


    
Cibelles

   
Palácio Real - Madri


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Seja bem-vindo á bordo!!!
E obrigada por deixar seu comentário. Te responderei o mais breve possível. Até mais!

Quer fazer um Intercâmbio Internacional ?

  Oi meu povo!!! Vamos falar de Intercâmbio!!!  Vocês tem me pedido tanto pra falar sobre o tema que eu resolvi postar.  Espero que estas in...